Sherman Cárdenas, uma excelente opção de mercado

Uma das maiores críticas aos clubes brasileiros é não saber aproveitar o mercado sul-americano. Potência econômica soberana na América do Sul, nossos dirigentes ainda são inexperientes na arte de garimpar bons talentos em nossos vizinhos. Um dos países menos mapeados é justamente a Colômbia, onde joga Sherman Cárdenas, meia do Atlético Nacional de Medellín.
Cárdenas comemora um gol pelo Atlético Nacional

Cárdenas comemora um gol pelo Atlético Nacional
A Seleção Colombiana vai de vento em popa. Classificada com certa tranquilidade para a Copa do Mundo, Los Cafeteros vêm apresentando um futebol envolvente que os levam a ser um dos candidatos a surpreender no Brasil em 2014. Comandada pelo craque Falcao Garcia, é na diversividade de meias que a geração colombiana garante o suporte necessário para o brilho do atacante e às convincentes atuações sob o comando de José Pekerman. E talvez esteja nessa fartura de bons jogadores de meio-campo, a explicação para que Cárdenas ainda não tenha sido convocado. Guarín, Jamez Rodríguez, Juan Quintero e Macnelly Torres estão aí para comprovar.
Cárdenas é habilidoso, baixinho e veloz. Apesar do esteriótipo de ponta, é um meia inteligente e até de certo modo versátil. Na linha de 3 de um 4-2-3-1, poderia exercer qualquer um dos posicionamentos. Num tradicional 4-4-2, jogaria de terceiro ou quarto homem de meio-campo. Pode jogar até um pouco mais recuado, desde que não seja necessário proteger uma grande área, pois com seus 1,68m isso se torna quase impossível. O Nacional joga geralmente num esquema de 3 zagueiros e mais um volante protegendo a zaga, com Cárdenas jogando com muita mobilidade à frente deste volante, sempre carregando o time pro ataque, acionando os alas e atacantes do time.
Não é um armador nato de jogo como seu antecessor no Nacional, o talentoso Macnelly Torres. Apesar da boa visão, não é do tipo que tenta um lançamento longo, como os tradicionais camisas 10. Sherman tem como característica principal a dinâmica de jogo. Transita por toda área ofensiva tocando a bola, até encontrar alguém posicionado pra finalizar. Sua qualidade no último passe é admirável. Assistindo um jogo do Nacional, percebe-se a qualidade técnica superior do baixinho em relação aos companheiros. E aí pode estar a segunda explicação para que talvez você nunca tenha ouvido falar deste jogador, a limitação técnica dos companheiros. Imagine um Iniesta tentando fazer tabelas com jogadores do Náutico. É mais ou menos por aí, guardadas as devidas proporções.

Em 2009, Sherman jogou o Sulamericano Sub-20 pela seleção | EFE/Harold Escalona
Sherman Cárdenas surgiu no time de sua cidade natal, o Atlético Bucamaranga, quando tinha apenas 16 anos. Pela baixa idade combinada ao seu primeiro nome, ganhou o cômico apelido de Sherminator. Jogou no clube entre os anos de 2005 e 2008. Relegado, o Atlético resolveu vender a então promessa para o Millionários em 2009, no mesmo ano jogou o Sul-Americano Sub-20 pela seleção colombiana. Com uma passagem discreta pelo tradicional clube do país, em 2010 foi passado ao La Equidad, onde já mostrou uma evolução no seu futebol. Em 2011 foi contratado pelo Junior de Barranquilla para a disputa da Libertadores. Entre altos e baixos ficou no clube até o fim de 2012. No início de 2013, sob muita desconfiança, assinou com o Nacional de Medellín. Logo no primeiro jogo já começou a demonstrar que a diretoria dos verdes tinha dado um tiro certeiro.

Tirando Rodrigo Caio – que perdeu a bola, foi entortado e ainda viu o meia colombiano servindo o companheiro para fazer o primeiro gol do Nacional contra o São Paulo no Morumbi, em jogo pela Copa Sul-Americana- e alguns doentes por futebol, poucos brasileiros conhecem o jogador. Todavia, na Colômbia ele já vem sendo apontado como o destaque de um time que vem conquistando tudo em termos nacionais. Inclusive Sherminator vem fazendo gols decisivos e mostrando mais uma boa característica, a finalização. Confira no vídeo uma compilação de grandes momentos de Cárdenas em 2013.


Aos 24 anos, Shermán Cárdenas tem tudo pra dar certo no futebol tupiniquim, exatamente por aqui se jogar um futebol de maior nível técnico, seu estilo de procurar os companheiros pra elaborar as jogadas certamente encontraria um melhor “feedback” nos gramados brasileiros. Exemplos de clubes em que ele se encaixaria bem no time titular: Flamengo (jogando no lugar do contestado Carlos Eduardo, ou até de alguém mais recuado como Luiz Antônio) e Botafogo (seria uma opção que se assemelharia muito taticamente a Fellype Gabriel, que saiu do Botafogo no primeiro semestre, e foi considerado uma enorme perda pro time).
Não é um craque, não vai resolver os problemas do time, mas está aqui perto, dando sopa, uma ótima opção pra dar um upgrade na meiúca da maioria dos clubes do Brasil. O valor de mercado segundo o site tranfermarkt.com é de 800 mil euros, menos que 3 milhões de reais. Uma pechincha pra um bom meio-campista no Brasil. Aos dirigentes dos clubes brasileiros, fica a dica.

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