Todo mundo quer um pouco do bagaço da laranja no Cruzeiro
Foto: Ramon Lisboa/EM/D.A.Press |
“Eu fiquei com a mamucha (bagaço)
da laranja. Sobrou para mim”. “A maioria dos que vieram aqui, vieram para ficar
ricos. Eu já era rico, tô ficando pobre”.
Quem aí não se lembra das
fatídicas frases proferidas pelo ex-presidente do Cruzeiro, Wágner Pires de Sá,
durante uma tradicional feijoada no parque esportivo do Barro Preto, em 2019?
Esse foi apenas um dos capítulos
de um ano desastroso, o qual culminou com nossa derrocada e uma campanha vexatória
no Campeonato Brasileiro; a pior de nossa história quase centenária.
De lá para cá, muita coisa mudou.
Renúncias, a assunção de uma gestão provisória, mudanças drásticas na
administração e no futebol. Entre alguns erros, principalmente na condução do
futebol, e inúmeros acertos, sobretudo na parte administrativa, o Cruzeiro
passa em 2020 um processo de Reconstrução.
O trabalho do Conselho Gestor é
louvável. Conseguiu grandes feitos em pouquíssimo tempo, tanto no âmbito jurídico
quanto no financeiro. Apesar de, dentro de campo, os resultados não serem os esperados
pela torcida, fora de campo há pouco a se questionar.
Um dos acertos do conselho foi a
contratação de uma empresa especializada em gestão de risco, investigações
corporativas, compliance e cibersegurança, a Kroll, para que fosse realizado um
estudo aprofundado sobre a real situação do clube.
Na tarde de hoje, o Ministério
Público de Minas Gerais recebeu um relatório de 600 páginas, elaborado pela
Kroll.
Alguns pontos do relatório foram
divulgados pelo clube e falaremos sobre os principais pontos a seguir. Outros
pontos, por questão de sigilo das investigações, não podem ser relatados neste
momento.
Leia, na íntegra, o que foi divulgado, por enquanto, do relatório da Kroll (reproduzido do site do Cruzeiro):
- O Cruzeiro assinou
contratos de intermediação de atletas sem que a participação desses
intermediários nas negociações fosse cadastrada na CBF, o que é vedado pelo
Regulamento Nacional de Registro e Transferência de Atletas de Futebol. Esses
contratos originaram 13 comissões, que somam R$ 13.270.715,00.
- O Cruzeiro ofereceu
direitos econômicos de jogadores em garantia de pagamento de dívida em, ao
menos, dois contratos, o que é proibido pelo Regulamento Nacional de Registro e
Transferência de Atletas de Futebol da CBF e pelo documento equivalente da
FIFA. Entre os jogadores relacionados em um dos contratos estava um atleta
amador, a época com 9 anos de idade. O Regulamento Nacional de Registro e
Transferência de Atletas de Futebol proíbe qualquer transação envolvendo
direitos econômicos de menores até que o atleta complete 16 anos.
- Apesar de a Lei Pelé e o
Regulamento Nacional de Registro e Transferência de Atletas de Futebol da CBF
vedar a remuneração do atletas menores amadores, familiares de, ao menos, dois
jogadores de base do Cruzeiro recebiam pagamentos mensais por meio de empresas
de consultoria abertas próximas a data de assinatura dos contratos com os
atletas.
- Um intermediador recebeu
comissão de R$ 500 mil pela negociação do um atleta menor amador com o
Cruzeiro, o que é vedado pelo Regulamento Nacional de Intermediários da CBF.
- Um terceiro contrato foi
identificado em que o Cruzeiro forneceu a um intermediador 10% dos direitos
econômicos futuros de um menor amador, caso este viesse a se tornar
profissional e posteriormente ser transferido do clube.
- O Cruzeiro pagou R$
7.072.000 em comissões a intermediários de jogadores que já atuavam no
Cruzeiro, por terem negociado aumento salarial para estes atletas. Além disso,
o contrato de um intermediador previa recebimento de bonificação todas as vezes
em que o atleta que ele representava atingisse metas de performance. Essas comissões,
apesar de não serem regulares, podem ser consideradas inusuais e prejudiciais
ao Cruzeiro.
- As despesas do Cruzeiro
aumentaram em 50% no período entre 2018 e 2019 com relação ao biênio anterior,
passando de R$ 770.097.107 para R$ 1.180.676.437 Os salários, que compõem 20%
das despesas do clube, também tiveram um aumento do 50%, saltando de R$ R$
156.581.352 para R$ 234.380.814.
- Entre as despesas
analisadas, despesas pessoais e não condizentes com as atividades performadas
pelo Cruzeiro, no valor de R$ 80.777,18, foram pagas com cartões de crédito
corporativos emitidos em nome de quatro dirigentes, durante o período em
análise. Os estabelecimentos incluíram lojas de eletrônicos, lojas de roupas,
clínicas de saúde, bebidas alcoólicas, resorts de luxo e casas noturnas de
entretenimento adulto.
- Foram realizados, durante
o período em análise, pagamentos de notas de débito de dirigentes no valor de
R$ 1.548.608, sem qualquer descrição da natureza desses gastos nos registros
contábeis. A Kroll requisitou ao Cruzeiro comprovantes que justificassem suas
despesas, mas não os recebeu até a conclusão dos trabalhos de investigação.
- O Cruzeiro pagou um total
de R$ 8.521.311,80 a empresas vinculadas a dirigentes e/ou seus familiares
durante o período em análise. As empresas favorecidas eram, em sua maioria
prestadoras de serviços de consultoria e tinham contratos com o clube que
abarcavam os serviços performados pelos dirigentes em seus cargos. Entre os
pagamentos identificados, há empresas em nome do esposas de dirigentes,
comissões e pagamentos de rescisão não previstos em contrato, bonificação de
dirigentes por desempenho do time e recebimentos em duplicidade por parte de
dirigentes.
- O Cruzeiro pagou R$
6.068.078,33 a empresas vinculadas a 52 conselheiros, apesar de o Estatuto
Social do clube vedar esse tipo de relação. A Kroll analisou em detalhe
pagamentos a 12 conselheiros, que receberam acima de R$ 100 mil e perfazem 83%
de todo o valor pago a esta categoria. Os pagamentos analisados referem-se
contratos de mútuos, serviços de consultoria, advocacia e compras em
estabelecimentos. A Kroll ressalta que parte destes pagamentos pode estar
relacionada a atividades comerciais regulares, mas não recebeu os dados suporte
para confirmar essa hipótese.
- Foram pagos R$
2.139.653,74 a empresas de consultoria jurídica, tributária e de engenharia com
descritivo genérico de atividades e sem comprovação de serviços prestados. Além
disso, foram pagos R$ 591.250 em comissão por negociação de contratos com patrocinadores
do Cruzeiro.
Todo esse material será repassado
para a Polícia Civil, para que a investigação continue e, os responsáveis por isso
tudo sejam identificados e, se possível, punidos.
Sobre o relatório encaminhado hoje pelo @Cruzeiro , o #MPMG informa que o material foi recebido e juntado ao procedimento criminal instaurado. Nessa terça-feira, será encaminhado também à @pcmgoficial . As informações ainda serão analisadas, e as investigações correm em sigilo.— MPMG (@MPMG_Oficial) May 18, 2020
A instituição Cruzeiro Esporte foi
dilapidada, assaltada, quase destruída, por várias gestões e administrações
catastróficas.
Não apenas pela gestão Wágner
Pires de Sá, Itair Machado, Sérgio Nonato e outros componentes. Pelas gestões
anteriores também!
Não podemos esquecer das gestões temerárias
de Gilvan de Pinho Tavares e Zezé Perrela. Não podemos esquecer do conselho deliberativo
corrompido. Não podemos esquecer do conselho fiscal omisso. São muitos os
culpados pela nossa atual situação.
Os gastos apurados nos últimos
dois anos chegam ao inacreditável montante de R$ 1,5 bilhão. É dinheiro demais!
É um valor tão surreal, que daria para quitar nossas dívidas na Fifa com apenas
1 mês de gastos.
Gente, os dirigentes do Cruzeiro
gastaram dinheiro do clube em lojas de eletrônicos! Em lojas de bebidas! Em
resorts de luxo! Pelo amor de Deus, em casas noturnas de entretenimento adulto!
Isso é um absurdo! É tirar sarro com a nossa cara! Não dá para aceitar que as
pessoas que fizeram isso saiam impunes.
Deve-se ressaltar, contudo, que,
em um processo com 600 páginas, divulgaram poucos pontos. Ainda há muita coisa
por vir. Devemos aguardar, no momento, a apuração dos órgãos competentes, além
de continuar com a cobrança e a vigilância constante.
Amigos, infelizmente, a verdade é
que só sobrou mesmo o bagaço da laranja no Cruzeiro. E, por incrível que pareça,
ainda assim, ninguém quer largar o osso!
Em pleno ano mais complicado de
nossa história, nos vemos obrigados a passar por 2 pleitos eleitorais. O
primeiro, marcado para o dia 21 de Maio, elegerá o presidente para assumir o
clube no dia 1º de Junho e com mandato até 31 de Dezembro. O segundo, provavelmente
em Outubro, elegerá o presidente para o triênio 2021-2023, com mandato a iniciar
em Janeiro de 2021. Adicionalmente, serão eleitos os membros do conselho do
clube.
O ideal era que o Conselho Gestor
permanecesse até o final deste ano, principalmente pela continuidade do
trabalho desenvolvido até aqui. Todavia, não houve um consenso ou um acordo
para que a disputa eleitoral fosse única. O principal culpado neste caso: o
famigerado Estatuto do Cruzeiro.
Apesar das propostas de mudança emodernização do Estatuto, não houve tempo hábil para que todo esse processo
acontecesse antes das eleições deste mês. Além disso, o jogo de poder e de egos
ainda continua muito forte dentro do Cruzeiro. Os grupos dominantes não querem
sair de cena. O jogo político continua a definhar ainda mais o clube.
Os dois candidatos à próximo
presidente do Cruzeiro: Sérgio Santos Rodrigues e Ronaldo Granata (sim, o vice-presidente
da gestão anterior e que renunciou ao cargo 6 meses atrás). As ideias e projetos apresentados por eles foram satisfatórios? Podem trazer benefícios para a instituição? Podemos confiar nosso clube nas mãos destas pessoas?
Nós, meros torcedores, não poderemos participar do processo. Não poderemos votar.
Nós, meros torcedores, não poderemos participar do processo. Não poderemos votar.
Nosso futuro estará nas mãos de
centenas de conselheiros, daquele conselho corrompido que citamos e cobramos
anteriormente. Como acreditar que as mesmas pessoas que deixaram o clube à beira
da falência serão capazes de escolher o melhor candidato para nos conduzir a
dias melhores? Como ficar satisfeito, sabendo que diversos conselheiros
remunerados, e que foram afastados pelo presidente em exercício, Dalai Rocha, conseguiram
liminares na justiça para ter direito a retornar e votar na eleição?
Em último
caso, temos mesmo um melhor candidato neste momento?
A torcida deseja e exige mudanças
estruturais no clube. Não podemos ficar à mercê dos mesmos clãs, do mesmo
sistema feudal. A modernização do estatuto é essencial. Quem seja o novo
presidente do Cruzeiro, deve ser cobrado pela reestruturação e reconstrução da instituição.
Sem gastos exorbitantes, sem
irregularidades, sem desvios indevidos de recursos, sem nenhuma mancha negativa
à imagem do clube.
Para o torcedor cruzeirense, sei
muito bem que não tem sido fácil acompanhar as notícias e ficar satisfeito com
tantas coisas ruins que aparecem todo santo dia. Dá para ficar bem apreensivo
com tudo que vemos na mídia. Esse relatório da Kroll, então, é algo muito triste.
Mostra toda a podridão que pairou o Cruzeiro nos últimos anos, enquanto éramos ludibriados
pelos nossos gestores.
O Cruzeiro não caiu. Ele foi
derrubado, empurrado ladeira abaixo. Nosso clube chegou a um ponto quase sem
volta e só permanece vivo, ainda, por sua imensa e vitoriosa história e pela
grandeza de sua torcida.
Apesar de tudo, precisamos
confiar em coisas boas para o futuro. Não será fácil, é verdade, mas a nossa
reconstrução há de acontecer.
A continuidade do que foi
desenvolvido até aqui pelo Conselho Gestor deveria ser o ponto de partida para
a próxima gestão.
Será que veremos uma unidade, ou a
disputa de egos continuará a sua tentativa de ser maior que o clube?
Qual será o futuro do Cruzeiro? É
o que saberemos no próximo dia 21. Vamos acompanhar tudo isso de perto! E continuar
com as cobranças de punição para os envolvidos em irregularidades!
Enquanto isso, fica o agradecimento ao Conselho Gestor pela disponibilidade e empenho em prol do nosso clube do coração.
Pelo Cruzeiro, tudo. Do Cruzeiro,
nada.
As provas de que a quadrilha meteu a mão no maior de Minas estão aí, mas sinceramente não creio, como praticamente todo Cruzeirense, que eles sejam punidos e que muito menos devolvam ao clube o que desviaram e isso é lamentável. Agora, na minha opinião, esse conselho deliberativo do Cruzeiro não tem nenhuma moral pra eleger esse ou aquele presidente. Todos, sem exceção, sabiam da pouca vergonha que tava acontecendo e se calaram. Deveriam ser expulsos e o quadro sociativo todo renovado para que a credibilidade voltasse inclusive entre os torcedores que a essa altura andam decepcionados.
ResponderExcluirMaior de Minas no passado. Hoje, até o América é superior. Afinal, um clube não é só títulos(com fair play financeiro), e sim patrimônio. No final do mês, vão perder mais seis pontos. Centenário na série C, espero uma grande festa em BH.
Excluirgostei do comentario do Afoncio, a punicao tem que ser feita caso contrario o cruzeiro sera preparado para ser roubado novamente por esse bando de ladroes que infelizmente fazem parte do conselho e diretorias, infelizmente nao se pode confiar em quase ninguem la dentro, sao pouquissimos os de boa indole e honestos.
ResponderExcluirEstes "conselheiros" e os presidentes e dirigentes anteriores, será que realmente eles tem a coragem de dizer que são torcedores do Cruzeiro? Por que cometer tamanhas insanidades e desvios dentro do clube, o amor só clube tem que ser zero. Apesar de uma investigação em curso, duvido muito que hajam punidos pela lentidão na justiça e os inesgotáveis recursos que cada um vai apresentação. No final, cada um que lesou o clube vai ter a certeza de que valeu a pena pois a punição será zero ou uma leve multa. Pelo andar da carruagem, acho que levaremos de 10 a mais anos pra tentar chegar de novo na briga por títulos, no topo mesmo. E o futebol Brasileiro hoje tem cada dia mais criado uma disparidade entre clubes.
ResponderExcluirÉ mas quando toda essa roubalheira, fechava com títulos até suspeitos era tudo maravilhoso né? Tem um ditado muito certo, colhemos o que plantamos. E podem preparar vem mais punições por ai, mesmo que o clube tenha muitos "testas de ferro" agindo. A Fifa tem sido muito severa nessa questão.
ResponderExcluirSe houver mais punições, e não ter como resolver, a saída é a falência. Ninguém vai deixar de ser Cruzeiro. Podemos ficar cinco anos s títulos.Temos bastante.
ResponderExcluirGostaria de saber qual condição exigida para se tornar conselheiro do Cruzeiro. Na verdade, deveriam serem todos expulsos, sem exceção. Bando de aproveitadores e incompetentes que só sabem sugar o clube.
ResponderExcluirEram Presida Raiz e Itamito para a torcida toda.
ResponderExcluirVocês mereceram
Eu me pergunto se ainda vale a pena torcer pelo clube. Na boa. As vezes sinto que estou torcendo para um bando de vigaristas, de ladrões, de pessoas sem caráter.
ResponderExcluirAlguns vão dizer que os dirigentes não são o clube, mas para mim, eles fazem sim parte do que é o clube.
Se o Cruzeiro não remover TODOS os abutres de seus quadros, eu vou deixar futebol pra lá. Tenho caráter. Não tirei dinheiro do meu bolso para vagabundo ir na zona gastar com puta.